
Qual o óleo que você colocou em seu carro na última troca? Se você não se lembra, ou pior, deixou na mão do frentista, cuidado: Seu carro pode estar com desempenho e consumo ruins e durabilidade prejudicada por conta desse fluído tão importante, e subvalorizado por muitos.
Além do clichê "use o óleo recomendado pelo manual do seu veículo", há outras coisas a se considerar, vou usar como exemplo a imagem abaixo:

Especificação API: API é um instituto que define padrões de desempenho para óleos. Novos padrões são lançados de tempos em tempos, com melhorias em durabilidade, detergência (para limpeza do motor) e etc. No nosso exemplo, o SJ é um padrão lançado em 1996. Você pode usar um óleo SJ num motor que "pede" óleo SH, mas não pode fazer o contrário. Isso porque um óleo de especificação inferior não oferecerá a lubrificação e aditivação necessária, podendo causar problemas irreversíveis. A mais recente é a SM, de 2004.
Viscosidade SAE: Viscosidade é a resistência que o óleo tem sobre si mesmo para movimentar. Um óleo mais viscoso tem menos resistência para movimentar entre as peças do motor, ou seja, escorre mais facilmente. É também relacionado com a "espessura" do óleo. Um exemplo de óleo "fino" é o 5W30, já o 20W50 é um óleo "grosso".
O "W", de winter (inverno) é a viscosidade do óleo quando frio. Quanto menor esse valor, mais fácil ele percorrerá o motor na partida a frio, diminuindo o tempo que o motor "bate" ao ligar, quando o óleo ainda não chegou a todas as peças.
A escolha da viscosidade é relacionada também com a temperatura ambiente a que o carro está sujeito. Na imagem abaixo vemos as faixas de temperatura externa em que cada tipo de óleo é indicado.

Muitos pensam que quanto maior o 'número' do óleo, melhor é. Nada disso. Os motores de hoje trabalham sob pressão e temperatura muito maiores que os de 10, 20 anos atrás. Um óleo grosso é mais difícil de circular, fica mais tempo 'escoando' pelas peças, retendo mais temperatura, o que causa superaquecimento do mesmo e formação de borra. Uma espécie de "pasta" que vai retendo a passagem do óleo e assim abreviando a vida útil do motor, por lubrificação inadequada.

É isso que você quer pro motor do seu carro?
Minha recomendação é a de que você use o óleo mais fino indicado pelo fabricante, no nosso exemplo o 5W30. O motor rodará mais solto e econômico, sem comprometer a lubrificação. Aos que desconfiam, comparo sobre nadar numa piscina com água, e em outra com mel. Você terá que fazer muito menos esforço pra nadar na de água, mas nem por isso seu corpo fica seco.
Tem gente que acha que pelo óleo ser fino e escorrer rápido ele deixa de lubrificar. Nada disso. Tome água num canudinho, e mel depois. Água vem em muito mais pressão, o mesmo acontece com o óleo mais fino…
As exceções desta regra são veículos em regiões muito quentes, acima dos 30~35ºC na média anual. Aí sim, poderemos considerar o uso de um óleo de viscosidade 40. Caso contrário, só se o motor começar a "queimar óleo", coisa que só acontece com motores bem judiados ou muito rodados, lá pelos 200, 300 mil Km.
Mineral, Semi-sintético ou Sintético?
Essa dúvida pega muita gente e gera pérolas, como "sintético é óleo pra 20 mil Km", "fulano fundiu o motor usando óleo sintético" e a mais absurda "é tudo a mesma coisa".
Óleos minerais são obtidos a partir do petróleo em combinação com diversos minerais, tem como vantagem o custo mas em compensação não mantém suas propriedades em situações extremas, como alta pressão e temperatura, formando a famosa borra da foto mais acima.
Já os óleos sintéticos são obtidos a partir de reações químicas e possuem uma curva de estabilidade praticamente plana, que gera desempenho garantido nas mais variadas faixas de temperatura, além disso em alguns casos pode-se "esticar" os intervalos de troca, trazendo economia no custo de manutenção. Aliás, falando em custos, há nem muito tempo atrás um óleo sintético custava coisa de R$40, R$50 o litro. Hoje podemos encontrar bons óleos sintéticos por volta de R$20 o litro. Vale cada centavo, experiência própria.
Os óleos semi-sintéticos são o meio termo. Mistura-se elementos do óleo sintético ao mineral para formá-lo. Pode-se retirar os elementos ruins do óleo mineral e substituí-los por elementos sintéticos. É também o meio termo no preço, muitas vezes já é o suficiente pra evitar a borra. Mas não se recomenda estender o período de troca.
E quando óleo sintético dá problema no motor?
Taí algo que gera muita discussão. Trocas de óleo mineral muito espaçadas (mais de 5000Km) deixam resquícios, como pedaços de óleo queimados, borras pequenas que podem não crescer nem afetar o funcionamento do motor por agora.
Óleos sintéticos em geral são mais viscosos que os minerais, o que faz com que ele seja bombeado com uma pressão maior e assim passar com mais velocidade em lugares com borra. Junto aos aditivos e detergentes nele empregados, as borras podem ser dissolvidas. Em casos de muita borra no motor, ela pode ser dissolvida em pequenos 'blocos' e aí sim, podem causar problemas, ficando retidas no filtro. Mas em alguns poucos casos isso pode causar entupimento de galerias, dutos e em casos extremos, do pescador (coleta óleo no cárter). E isso pode gerar problemas, como o fundimento do motor em casos graves. Os casos em que vi isso eram de carros muito mal cuidados, com "relaxo" nas trocas. O dono resolveu botar um óleo sintético muito mais fino que o usado antes e ou o óleo não conseguiu ser bombeado devidamente por conta de dutos e galerias já entupidos ou, de quebra, era mais fino que o mínimo indicado pelo fabricante.
Uso óleo mineral. Posso passar direto pro sintético?
Em casos assim, como também em que se usará óleo mais fino do que o atual, recomendo passar gradualmente para um óleo mais fino e de categoria superior. Usa um mineral 20W50? Tente usar um 15W40 semi-sintético, pra depois um 5W-30 sintético (é apenas um exemplo. Siga o manual do seu veículo) e por aí vai… E procure não exigir muito do motor nos primeiros 300Km, pelo menos. E fique atento quanto a temperatura ou alguma alteração no comportamento do motor. Já fiz isso e deu muito certo, mesmo em carros bem rodados.
Posso misturar óleos de diferentes tipos?
Não há estudos que comprovem que dá problema ou não, desde que se respeite a viscosidade. Mas o mais recomendável é usar de apenas um tipo e marca.
Filtro de óleo

Outra coisa que tem gente que nem sabe que existe. Custa cerca de R$10 e deve ser substituído a cada troca, apesar de alguns fabricantes recomendarem a cada duas trocas. O filtro retém óleo e sujeira do motor, e numa troca sem a substituição dele, o motor rodará com muito óleo velho misturado ao novo, o que não é nada bom.
Pra finalizar, mais uma dica
Pra finalizar, falarei sobre algo que tá acabando com muito motor, por mais que o dono faça tudo nos conformes. A quantidade de óleo a se colocar.

Aí é simples, se for trocar óleo + filtro, são 3,5L a se colocar, certo? Errado. Fiquei surpreso quando coloquei exatamente 3,5L e estava quase 1 dedo acima da marcação máxima da vareta. Achei que fosse diminuir, que o filtro de óleo não tinha puxado seus 250ml e fui embora. O carro estava meio pesado de andar, 'amarrado' e bebendo muito. Muito óleo causa excesso de pressão dentro do motor, dificultando a movimentação dele, por isso o "peso" de andar.
Em casos extremos chega a 'cuspir' a vareta de óleo, tamanha a pressão. Fui tirando óleo aos poucos do motor e medindo, e foram quase meio litro de óleo até chegar na marcação máxima. Hoje coloco 3L com filtro novo e ainda assim fica coisa de 1mm acima da máxima.
Seguindo tudo isso, o motor de seu carro estará sempre novo!
Obrigado Galera epero que gostem
Fontes: papoautomotivo.wordpress.com/